Grande parte das salas de cinema do
país foram ocupadas com o mais novo filme dos Jogos Vorazes. Segundo uma
reportagem do site da UOL, quase 50% das salas foram ocupadas para a sua
exibição. Para a Ancine, tal prática é predatória, pois expulsa os outros
títulos. Segundo a agência a pouca variedade de filmes trás prejuízos, pois
algumas pessoas vão ao cinema e desistem por encontrarem apenas um filme
disponível em 50% das salas. Basicamente menos ingressos são vendidos e reduz o
hábito de ir ao cinema. Tendo como premissas esses fatores citados, a Ancine
pretende lançar sanções para regular este mercado, visando proibir a destinação
de muitas salas para o mesmo filme.
Antes de explicar o porquê uma
regulação neste setor é inviável, irei começar por uma pergunta básica: A
demanda faz a sua oferta ou é a oferta que faz a sua própria demanda? Porque é
difícil encontrar em cartaz filmes iraquianos nos maiores cinemas? Para alguns
a “culpa” é dos grandes filmes, a meu ver, é pura preferência dos consumidores.
Os donos dos cinemas não estão preocupados com o tipo de filme que é assistido,
mas sim com o lucro, se você fosse o dono também se preocuparia com isso. Como
dono de um negócio, com fins lucrativos, o principio básico de maximização dos
lucros é oferecer os serviços de acordo com as preferências dos consumidores.
Jogos Vorazes vende.
Um vendedor de sorvete ao perceber
que a maioria das pessoas da praia prefere sorvete de chocolate aos demais
tipos, o sorveteiro se for racional, vai destinar uma quantidade maior de
sorvetes de chocolate do que de morango no seu carrinho. O mesmo raciocínio se
aplica para a ocupação das salas de cinema no Brasil.
Se tal regulamentação for aprovada
teremos salas vazias. Cadeiras vazias no cinema representam custos, o que é um
problema. Os novos custos podem causar demissões, perda de investimento nas
salas, aumento dos preços entre outros fatores. As pessoas em geral não vão
pagar o valor, que já é caro dos cinemas, em filmes “undergrounds”. Os mesmo
princípios de aplicam em show de bandas, porque o show da Miley Cirus custa 300
reais e o show do Zé Mané são cinco reais? Se os donos dos cinemas destinam uma
proporção maior de suas salas para um filme é porque a demanda desse filme é
grande. Já pensou o que aconteceria com o sorveteiro se ele destinasse em seu
carrinho mais sorvetes de umbu do que de chocolate? Desta forma, a perda dos
perdedores será maior que o ganho dos ganhadores com essa nova política.
É claro que os pequenos filmes não
têm condições de arcar com os autos custos pagos com marketing, como no caso
dos grandes. A resposta para a pergunta:
“A demanda faz a sua oferta ou é a oferta que faz a sua própria demanda?” são
os dois. Um filme ruim com forte
marketing até que poderia ter certo lucro, mas ninguém que viu tal filme iria
recomenda-lo para um amigo. E da mesma forma um filme bom com pouco marketing
seria recomendado. A reputação é importante. Uma forma de os pequenos crescerem
é aprender com os grandes. Já pensou o que aconteceria se para incentivar os
leitores brasileiros a lerem livros nacionais, entrasse em vigor uma leia que
restringisse os livros estrangeiros?
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